Aparelho estabilizador
Esta placa é muitas vezes chamada de placa de relaxamento muscular, pois seu uso é primariamente para reduzir dor muscular. Promove uma oclusão funcional ótima, quando em posição, os côndilos se acham em posição musculoesqueletal estável e os dentes se contactam simultâneo e bilateralmente (OKESON, 2000).
Este aparelho apresenta uma face oclusal lisa, quando aplicado na maxila, as saliências e aresta dos dentes inferiores entram em contato com a superfície lisa do aparelho deforma uniforme e simultânea. Durante o movimento da mandíbula, os dentes inferiores deslizam livremente sobre a placa, eliminando eventuais obstáculos à oclusão. O tratamento com esse tipo de aparelho promove o relaxamento dos músculos hipertônicos (HUIJBERS, 2005).
Para Miranda & Teixeira (2007), a placa estabilizadora é considerada como o gold-standard das placas oclusais. Ela reduz a chance de desgaste dentário e de fratura dentária. Assim sendo, é bastante útil em pacientes com quadro de parafunção, atuando como elemento de proteção do sistema. Também é indicada para casos de mialgias e/ou artralgias, para alterar os padrões de certos tipos de cefaléia e como adjunto no tratamento de deslocamento do disco articular.
Aparelho para posicionamento anterior
De acordo com Okeson (2000), o aparelho de posicionamento anterior é uma placa interoclusal que propicia a mandíbula a adquirir uma posição mais anterior que a posição de intercuspidação. Este aparelho possui o objetivo de promover um relacionamento melhor disco-côndilo na fossa, de tal maneira que os tecidos tenham oportunidade de adaptação e reparo dos tecidos retrodiscais, eliminando dessa forma, sinais e sintomas associados ao desarranjo articular.
São mais utilizadas para o tratamento de desarranjos e deslocamentos do complexo côndilodisco, especialmente o deslocamento de disco com redução e também para casos de apnéia obstrutiva do sono, sendo que essa última deve ser dupla (MIRANDA & TEIXEIRA, 2007). É indicado também travamento crônico ou intermitente da articulação e algumas desordens inflamatórias.
Placa de mordida anterior
Também conhecida como Front-Plateau, é um aparelho usado no maxilar superior, que recobre as incisais de canino a canino dos dentes superiores e apresentam contatos somente com os dentes anteriores inferiores. Outra característica desse dispositivo oclusal é apresentar guia incisal nos movimentos protrusivos e guia canino nos movimentos de lateralidade. Possui a função de desocluir os dentes posteriores eliminando sua influência na função mastigatória (OKESON, 2000).
Para Molina (1995), esse dispositivo oclusal pode reposicionar o côndilo, eliminar os contatos dos dentes posteriores e como conseqüência eliminar o deslize cêntrico, os contatos prematuros e as interferências oclusais, estimulando o relaxamento dos músculos mastigatórios. Essa placa é indicada para desordens musculares que estejam associadas à instabilidade ortopédica ou maloclusão súbita.
Placa de mordida posterior
Para Okeson (2000), a placa de mordida posterior é confeccionada para dentes inferiores e consiste de duas áreas de acrílico localizadas sobre os dentes posteriores e conectadas por uma barra lingual metálica. Os objetivos do tratamento da placa de mordida são proporcionar alterações maiores na dimensão vertical e posicionamento mandibular.
Placa de Nóbilo
De acordo com Borges et al (2006), as placas oclusais lisas ou pistas oclusais deslizantes de Nóbilo, com função miorrelaxante e reprogramadora, são usadas, inicialmente, no tratamento de pacientes com bruxismo. Ao mesmo tempo em que estes dispositivos devolvem uma oclusão funcional com os côndilos numa posição músculo-esqueletal mais estável (RC=MIH), os dentes passam a desenvolver um contato melhorado, gerando estabilidade ortopédica
As pistas deslizantes de Nóbilo, assim como as placas oclusais, são usadas para promover uma oclusão funcional ótima, reorganizando a atividade reflexa neuromuscular que, por sua vez, reduz a atividade muscular anormal, enquanto propicia uma função mais equilibrada. (TRINDADE & NÓBILO, 2002).
A indicação ideal para reprogramação neuromuscular de pacientes desdentados totais bruxônomos seria a instalação das Pistas Deslizantes de Nóbilo como método eficaz na diminuição da sintomatologia dolorosa, reposturação mandibular e recuperação da dimensão vertical de oclusão (TRINDADE & KRUNSILAV, 2003).
Aparelho pivotante
O aparelho pivotante cobre um dos arcos e normalmente apresenta um único contato posterior em cada quadrante. Este contato estabelecido é o mais posterior possível. Quando uma força superior é aplicada sobre o queixo, a tendência é aproximar os dentes anteriores e pivotar os côndilos para baixo em torno de um ponto pivotante posterior (OKESON, 2000).
Okeson (2000), afirma ainda que, este aparelho foi desenvolvido inicialmente com a idéia de que desenvolveria menos pressão intra-articular. Pensava-se que quando os dentes anteriores se movessem para próximos de si mesmos criaria um fulcro em torno do segundo molar pivotando o côndilo para baixo da fossa. Porem, esse efeito só poderia ocorrer se as forças que fecham a mandíbula situassem anteriormente ao pivot. Entretanto, os músculos elevadores localizam-se principalmente posteriores ao pivot, o que não permite nenhuma ação pivotante.
Aparelho resiliente ou macio
A placa resiliente é um aparelho fabricado de material resiliente que é normalmente adaptado ao maxilar superior, com o objetivo de proporcionar contatos simultâneos e estáveis com os dentes opostos.
Apesar da dificuldade de ajustes, Pettengil et al. (1998) verificaram as placas resilientes reduziram a dor dos pacientes de forma semelhante às placas rígidas.
Discussão
Devido à grande variabilidade de sintomas de DTMs, os relatos imediatos da efetividade destes aparelhos, devem ser vistos com parcimônia, uma vez que podem não representar um efeito real (MIRANDA, 2000).
Maciel (1996) afirma que a preferência dos clínicos pela utilização das placas nos tratamentos das DTMs baseia-se na observação de que as mesmas proporcionam uma terapia não invasiva, reversível e podem apresentar excelentes benefícios na condução de variadas manifestações clínicas.
O uso de dispositivos interoclusais, como método reversível de tratamento para DTMs é, sem dúvida, de extrema importância para a Odontologia, devendo ser usados com prudência, tendo perícia satisfatória tanto no diagnóstico, quanto na instalação e manutenção durante todo o tratamento. Em estudo realizado por Miranda (2000), conclui-se que as placas oclusais reposicionadoras são mais efetivas na redução da dor relatadas pelos pacientes, reduzindo esta sintomatologia mais rapidamente que as placas de estabilização. E, de acordo com o protocolo de utilização, é efetivo na redução de ruídos articulares.
Garcia et al. (2001), em pesquisa realizada para verificar a efetividade das placas estabilizadora e reposicionadora anterior, foram selecionados 24 pacientes com deslocamento do disco com redução, cuja queixa principal era a dor e/ou ruído articular, certificado através do exame clínico. Após o tratamento, notou-se que ambos os tipos de placas proporcionam bons resultados, porém, as placas reposicionadoras anteriores apresentaram resultados mais favoráveis.
Conti et al. (2005), avaliaram a efetividade das placas oclusais reposicionadoras no controle de patologias intra-articulares da ATM, em relação a tratamento com placa estabilização e um grupo sem tratamento (controle). A amostra constou de 52 pacientes divididos em três grupos, de acordo com o procedimento empregado: do grupo I (placa estabilizadora), grupo II utilizou-se placa reposicionadora, grupo III (controle), não receberam nenhum tratamento. Os resultados demonstraram uma maior efetividade das placas reposicionadoras na redução inicial da dor relatada pelo paciente, assim como uma diminuição na sensibilidade à palpação na ATM. Após 6 meses, todos os grupos mostraram-se semelhantes em relação aos sintomas, assim como em relação aos ruídos articulares. Baseando nisto, os autores concluíram que a terapia de uso parcial das placas reposicionadoras constitui-se num meio efetivo de controle das patologias intra-articulares da ATM.
Em estudo conduzido por Landulpho et al. (2003), foi avaliado a efetividade da terapia por aparelhos interoclusais em pacientes com DTM, por meio da eletrossonografia computadorizada. Foram avaliados, acompanhados e tratados vinte e dois pacientes com sinais e sintomas de DTM, de ambos os sexos, com idade entre 18 e 53 anos. Os resultados obtidos revelaram que houve uma redução significativa na amplitude do ruído da ATM, para ambos os lados e a terapia através de aparelhos interoclusais foi efetiva na remissão da sintomatologia apresentada inicialmente. Quanto à utilização de placas rígidas ou resilientes, embora haja dificuldades para ajustes, verificaram as placas resilientes reduziram a dor dos pacientes de forma semelhante às placas rígidas.
Já no estudo de Turcio et al. (2008) embora os resultados estatísticos demonstraram que tanto placas resilientes quanto rígidas ofereceram uma melhora na sintomatologia dolorosa dos músculos temporal anterior e masseter, ainda relatam que para a literatura, placas oclusais rígidas que permitem grande controle dos contatos oclusais seriam mais indicadas. Isso porque as placas interoclusais resilientes, além de difícil ajuste oclusal, são menos duráveis que as rígidas.
Considerações finais
O uso de dispositivos interoclusais é uma das formas de tratamento de DTMs mais utilizadas.
Não existe uma placa oclusal que é útil para tratar todas as DTMs. Existem DTMs que não respondem à terapia por placas, sendo então necessária a instituição de outras modalidades de tratamento ou mesmo de tratamento multidisciplinar.
Qualquer terapia somente deve ser instituída após um correto diagnóstico e deve-se proceder primeiramente a procedimentos reversíveis.